A Teoria de Dow é um dos principais conceitos aplicados na análise técnica (ou gráfica). Ela auxilia no entendimento das variações dos gráficos dos ativos e, por isso, é muito importante para os profissionais que atuam no day trade.
Neste artigo, veremos como surgiu e quais os fundamentos dessa importante ferramenta da análise técnica. Acompanhe!
Como surgiu a Teoria de Dow e quais os seus fundamentos?
Essa teoria foi desenvolvida por Charles Dow, criador do Dow Jones, um dos principais índices do mercado financeiro mundial.
Os fundamentos da teoria são os seguintes:
1. Os índices já têm os preços descontados
Os índices refletem o comportamento do mercado em relação a todos os acontecimentos. Exceto pelos eventos inesperados (como catástrofes ou calamidades naturais, por exemplo), as suas variações contemplam o que já aconteceu e, também, o que está por vir.
Mesmo no caso de acontecimentos surpresa, o mercado consegue se ajustar rapidamente e absorver esses efeitos nos preços. Logo, para estimar valores, não há necessidade de se olhar outras variáveis além do mercado, pois ele é sempre mais eficiente.
2. As três tendências do mercado
Segundo a teoria, os preços se movem de acordo com três tendências, que são a primária, a secundária e a terciária. A melhor forma de entender isso é fazendo uma analogia com os movimentos do mar.
Pense no seguinte: a tendência primária é a de prazo mais longo, que dura em média de um a dois anos. Os seus movimentos podem ser comparados a uma maré forte e movimentada. Por ser mais duradoura, essa tendência provoca grandes valorizações ou desvalorizações nos ativos. Inclusive, muitos dizem que é impossível manipulá-la.
Já a tendência secundária, que pode durar meses, é semelhante às ondas que se formam com o sobe e desce da maré. Por fim, a terciária pode ser descrita como aquelas marolas que se formam entre as ondas, sem muita amplitude nem duração.
O gráfico abaixo representa o movimento das três tendências:
(Fonte: Portal do Trader)
3. Existem três fases na tendência primária
A principal tendência (primária) é dividida em três fases:
Acumulação
Nessa fase há uma antecipação do movimento futuro do mercado. Ou seja, eventuais efeitos negativos já foram assimilados e os preços começam a se recuperar. Por isso, é o melhor momento para a compra de um ativo.
Participação Pública
É quando a maioria dos investidores percebem a tendência e começam a comprar o ativo. Nesse momento, os preços sobem, pois o mercado começa a assimilar as notícias positivas.
Distribuição
Ocorre quando a alta dos ativos começa a ser destacada pela mídia em geral. Quando isso ocorre, aumenta ainda mais a participação pública que iniciou na fase anterior.
A fase de distribuição é o melhor momento para realizar os ativos, ou seja, vendê-los com lucro, antes que os preços comecem a cair. É isso o que fazem os investidores mais atentos e experientes.
4. A confirmação dos índices e médias
No mercado acionário, há diversos índices que demonstram o desempenho de diferentes grupos de empresas. Segundo Dow, para que altas ou baixas se confirmem, esses índices precisam se movimentar em linha com as tendências.
Um exemplo para entendermos melhor: se quisermos analisar a Magazine Luiza, precisamos também avaliar os preços de outras empresas do setor varejista ou algum índice específico do segmento. Se todos estiverem apontando para a mesma direção, há uma confirmação de tendência e a análise se torna mais confiável.
5. O volume deve confirmar a tendência
Segundo Dow, o volume deve expandir na mesma direção da tendência primária (principal).
Isso significa que não adianta somente o preço se movimentar para confirmar uma tendência de alta ou baixa. É o volume de negociações do ativo que dá confiabilidade para a tendência.
No day trade é bem fácil verificar esse princípio. Muitas vezes, os traders percebem movimentação de preços sem volume representativo. Nesses casos, o que justifica o aumento dos preços não é a tendência, mas o menor volume de ofertas.
6. A tendência permanece até surgirem sinais de reversão
Para não esquecer esse princípio, é só lembrar da primeira lei Newton (Lei da Inércia):
“Todo corpo permanece em repouso ou em movimento uniforme, a menos que outra força atue sobre ele.”
No mercado financeiro, é muito comum ouvirmos sobre tendências de alta ou baixa, e a importância de respeitá-las para o sucesso das transações. De fato, um ativo em alta tende a continuar se comportando dessa forma, a não ser que algo faça esse movimento mudar de direção. Ou seja, quando analisamos tendências, estamos olhando para o passado, e nada garante que ela continuará.
Para Dow, uma tendência é modificada quando pode ser confirmada por algum sinal. Uma forma de identificar isso é perceber um topo mais alto (em uma tendência de alta) ou um fundo mais baixo (em uma tendência de baixa). Esse princípio é bastante complexo, tanto que estudiosos e investidores experientes utilizam diversas ferramentas de análise técnica para utilizá-lo de forma eficiente.
A Teoria de Dow ainda é válida?
Apesar de elaborada há mais de 100 anos, a teoria ainda auxilia traders e investidores a tomarem decisões mais assertivas. Conceitos como tendência, topos e fundos, tempos gráficos ajudam a identificar padrões de movimentos.
No entanto, nenhuma técnica é infalível, e a Teoria de Dow também possui limitações. A principal delas diz respeito à lentidão dos sinais de tendência, pois ela pode perder cerca de 25% de um movimento antes de conseguir enxergar os seus sinais. Para os traders, esse tempo perdido é muito grande e prejudica o acompanhamento dos movimentos do mercado.
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