Quem investe em criptomoedas ou, ao menos, conhece um pouco sobre esse mercado, certamente já ouviu a expressão coin burn, que significa, literalmente, queima de moedas.
A princípio, é algo que pode soar meio estranho. Afinal, quem em sã consciência “queima dinheiro”? Isso não é o mesmo que perder o investimento?
Pois saiba que, no mundo dos criptoativos, o coin burn tem outro propósito, e a sua ocorrência é muito importante para que esses ativos se mantenham valorizados. Para entender como funciona a queima de moedas, continue a leitura a seguir!
O que é coin burn?
Basicamente, o coin burn é o processo que retira permanentemente de circulação uma parcela de determinada criptomoeda. Apesar de essa prática ser mais comum entre altcoins e tokens menores, ela também pode ocorrer com as criptomoedas de maior capitalização, justamente para impedir que se desvalorizem.
Para entender os preceitos desse processo, basta pensar em como funciona a inflação, que é a perda do poder de compra da moeda.
Uma das causas da inflação é o excesso de moeda em circulação. Isso significa que, quanto maior for a oferta de dinheiro na economia, menos a moeda tende a valorizar. Logicamente, isso vale não só para o dinheiro, como para todos os ativos financeiros, como ações, commodities (ouro, petróleo, agro, entre outros), e assim por diante.
Com as criptomoedas, esse efeito não é diferente. Ou seja, quando não há um controle de emissão e circulação de um ativo digital, o seu excesso causará a mesma desvalorização que ocorre nos ativos tradicionais. Ao realizar o coin burn, uma criptomoeda aumenta a sua escassez, o que faz o seu preço subir, beneficiando os investidores.
Como a queima de moedas funciona na prática
Cada criptomoeda possui um processo próprio de coin burn para que sejam eliminadas da rede blockchain.
De forma geral, ocorre da seguinte forma: um determinado número de criptoativos é enviado para um endereço na rede que não possui chaves privadas. Isso significa que, uma vez enviadas a esse endereço, elas não poderão mais ser utilizadas, pois ninguém possui a chave de acesso.
É comum ocorrer a queima de moedas logo após um ICO (oferta inicial de moedas). Nesse processo, quando não são vendidas todas as criptomoedas, as que sobram são destruídas, justamente para preservar o valor dos criptoativos que já estão nas mãos dos investidores.
Vários grandes players desse mercado possuem mecanismos próprios de coin burn. É o caso da Binance, por exemplo, que realiza queimas periódicas por meio da função burn function dos contratos inteligentes.
As queimas do BNB (token da Binance) ocorrerão a cada três meses, até que 100 milhões de unidades sejam destruídas. A última queima, ocorrida em junho de 2021, destruiu mais de 1,2 milhão de tokens, o equivalente a quase US$ 400 milhões. Essa foi a segunda maior queima da empresa, só perdendo para a do primeiro trimestre desse ano, quando foram destruídos aproximadamente US$ 600 milhões.
Até o momento (esse conteúdo é de agosto de 2021), a Binance já destruiu cerca de 16% dos 200 milhões de tokens BNB inicialmente emitidos. De acordo com a empresa, o plano é queimar mais 35% em próximos eventos. Esses números dão uma ideia da importância do coin burn para o mundo dos criptoativos, não é mesmo?
Outros motivos para realizar a queima de moeda
Além da preservação de valor do ativo e da manutenção do número de tokens previstos no whitepaper, existem outras razões para que se faça o coin burn.
Uma delas é a proteção contra spam e Ataques Distribuídos de Negação de Serviço (DDoS). De forma geral, esse tipo de ataque visa impedir o funcionamento do recurso Web invadido. Para isso, ele envia múltiplas transações que visam congestionar a rede, excedendo a capacidade do site de lidar com todas elas ao mesmo tempo. A destruição periódica de criptomoedas ajuda a conter esses problemas.
Outro motivo para o coin burn é a preocupação e o compromisso com o projeto do ativo no longo prazo. Quando esse mecanismo está previsto no desenvolvimento do projeto, há mais chances de garantir o seu valor no futuro. Consequentemente, as chances de novos investimentos acabam sendo maiores, o que também contribui para a valorização da criptomoeda.
Formas de realizar a queima de moedas
Basicamente, a queima desses ativos pode ser feita por meio de programação no próprio protocolo ou de acordo com estratégias posteriores.
Quando o processo se dá por meio do protocolo, isso significa que um modelo de queima foi inserido na camada central do blockchain. Nesse caso, o principal exemplo é a prova de queima (PoB) que algumas criptomoedas adotam.
Existem diferentes formas de se fazer a PoB. Em geral, elas determinam que os mineradores queimem os tokens para que possam escrever blocos na mesma proporção das queimas.
Quanto às estratégias que não têm relação com os protocolos, uma delas é a queima de moedas logo após o ICO, conforme comentamos anteriormente. Há diversos projetos que adotam esse modelo, o que é bem visto pela comunidade cripto, pois transmite comprometimento em relação aos investidores.
Outra estratégia posterior é a recompra dos tokens que estão em circulação com os usuários. Nesse caso, a própria empresa emissora dos tokens adquire-os para queimá-los, para tentar garantir o valor para o investidor.
Mas atenção: é importante saber que o mecanismo de coin burn não é infalível. Ou seja, não há nenhuma garantia de que, ao tirar determinada quantidade de tokens de circulação, isso garantirá a valorização do ativo.
Isso porque os investimentos em criptomoedas são extremamente voláteis e descorrelacionados com qualquer ativo financeiro tradicional. Ou seja, o mecanismo atenua os efeitos da desvalorização das criptos, mas não consegue extingui-los por completo.
Se você gosta do assunto, dê uma olhada na parte de criptomoedas que o Yubb tem no site. Lá, a gente mostra como funcionam as principais criptomoedas, e você pode acompanhar a cotação atualizada desses ativos!